Programação de Março no Moviecom Arte

DIAS 07, 08 , 10
MEU NOME É SARA


Sara Góralnik é uma polonesa, judia, cuja família foi morta por nazistas quanto ela tinha apenas 13 anos. Depois de fugir para a Ucrânia, usando a identidade roubada de uma amiga, ela é acolhida por um casal de fazendeiros em uma pequena vila. Até aí, tudo parece correr bem, mas ela descobre que seus novos amigos possuem seus próprios segredos sombrios.
Com uma trama instigante, Meu Nome É Sara, do diretor Steven Oritt, é um drama baseado em fatos reais, feito para emocionar e com boas doses de suspense e controvérsias.
O grande destaque do filme é a atuação de Zuzanna Surowy (seu primeiro trabalho como atriz em um longa-metragem), impecável e com bastante intensidade, fruto da uma boa direção de Oritt, que conduz bem seus personagens.
O casal, vivido por Eryk Lubos e Michalina Olszanska, também atinge um nível excelente de interpretação. O estranho e quase existente triângulo amoroso entre eles se torna a chama que mantém a história viva por mais tempo e o elenco possui uma ótima química em cena.
Além das boas atuações, a direção de arte, sempre complicada em um filme de época, cumpre a função de imergir o espectador na ambientação da trama.
Meu Nome É Sara abre a programação de Março do Moviecom Arte e será exibido nos dias 07 e 08 às 11 horas, e no dia 10 às 14 horas.

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DIAS 14, 15 E 17
DE QUEM É O SUTIÃ


Nurlan é um maquinista de trem que vive sua rotina pacata numa aldeia. Diariamente, ele conduz o gigante de ferro pelo subúrbio da cidade, passando rente às casas, ocupando momentaneamente um espaço utilizado cotidianamente pelos moradores como extensões de suas residências, com direito à disposição de mesas, varais e afins. Prestes a se aposentar, especificamente no seu último dia de labuta, ele nota que um delicado sutiã azul ficou preso no maquinário do trem. Então, parte numa busca pela dona da peça e, talvez, de quebra, pela conquista de um grande amor.
O espectador que chegar desavisado a uma sessão da comédia De Quem É O Sutiã deve se deparar com algumas surpresas. Primeiro, após alguns sorrisos e rostos carrancudos, percebe-se que os personagens não falam – o diretor Veit Helmer aposta num raro humor de gestos e gags, sem uma única linha de diálogo. Por isso, os atores se tornam mais expressivos, com olhos arregalados e gestos amplos, alguns graus acima do realismo. Segundo, a trama se passa numa cidadezinha onde o trem passa a pouco metros das casas. Como os trilhos servem de quintal e de rua aos moradores, eles precisam abandonar várias vezes ao dia as partidas de xadrez e tirar as roupas do varal para permitir a passagem do veículo gigantesco. Com qual intuito exatamente se desloca este trem sem cargas nem passageiros, não se sabe. Estamos no terreno da fábula lúdica, que dispensa explicações verossímeis.

O Moviecom Arte exibe De Quem É O Sutiã nos dias 14 e 15 de março às 11 horas e no dia 17 às 14 horas.

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DIAS 21, 22 e 24
FRANKIE


Frankie, o novo filme de Ira Sachs indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes, nos apresenta Isabelle Huppert como uma famosa atriz francesa que descobre ter apenas alguns meses de vida. Para construir memórias afetivas ela convida a família e alguns amigos a passar uma temporada na cidade portuguesa de Sintra.
O longa acompanha um dia na vida da artista. Mesmo assim é tempo suficiente para conhece-la. Frankie é a estrela de seu sistema solar. Ela gosta de ter a família rodando ao seu redor para que possa determinar o que acontece com cada um deles. Seja por isso, seja pelo câncer da matriarca, as relações entre os personagens são difíceis e um tanto estremecidas.
Ainda que o objetivo da viagem seja criar memórias felizes, Frankie não é muito bem-sucedida no projeto. O estágio terminal da doença faz com que ela não tenha tempo para sutilezas. Essa reunião é sua última oportunidade para dar as diretrizes finais de como cada um deve continuar vivendo após sua morte. Tal necessidade de controle transparece nos tons azuis que a circundam no figurino e no cenário.
Todo filmado em longos planos, o título resume-se a pessoas conhecidas encontrando-se aleatoriamente e conversando em lugares bonitos. Tal recurso, aliado ao fato das pessoas caminharem sem rumo certo, transforma a narrativa em pequenas esquetes reunidas sem um propósito claro.
Com cenas faladas em inglês, francês e português, a produção possui certo caráter internacional. Essa salada cultural rende alguns momentos cômicos, bem aproveitados pela montagem. Curiosamente, na única cena em que todos os personagens se encontram não há diálogos. A essa altura, a narrativa já transmitiu todas as suas mensagens ao público, que então se admira com o belo cenário da locação e o impacto das palavras não ditas.
Frankie será exibido no Moviecom Arte nos dias 21 e 22 de março às 11 horas e no dia 24 às 14 horas.

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DIAS 28, 29, E 31
CICATRIZES


Ana convive com o trauma de ter perdido o filho recém-nascido, vinte anos atrás. Apesar de o marido e a filha mais velha terem aceitado os fatos, ela preserva a esperança de que a criança não tenha morrido de fato, mas tenha sido entregue ilegalmente a outra família. Enfrentando a polícia, os amigos e familiares, ela continua buscando indícios de que sua versão da história está correta.
Cicatrizes é um filme ditado pela espera. A primeira imagem apresenta um muro vazio, durante longos segundos, sem qualquer personagem ou ruído – ou seja, a espera inicial é aquela fornecida ao espectador. Em seguida, Ana (Snezana Bogdanovic) aguarda pacientemente a chegada de um carro, e observa uma mulher à distância, em silêncio. Quando é abordada pela polícia e colocada durante horas numa sala vazia, Ana não reclama: “Estou acostumada a esperar”. A filha se indaga sobre os motivos de ver a mãe sempre perto da janela, e expressa sua preocupação: “Você está sempre esperando alguma coisa”.
O roteiro demora a explicar ao espectador o que exatamente ocupa os dias desta mulher. Sabemos que ela guarda um segredo, percebemos a existência de um tabu em família, no entanto o diretor Miroslav Terzic prefere entregar informações a conta-gotas. Entendemos a relação com uma criança, percebemos que o hospital desempenhou uma participação importante no trauma. Seria uma criança perdida? Morta? Em que circunstâncias? Por que Ana não aceita o que aconteceu quase duas décadas atrás? Ao deixar diversas lacunas em aberto, o projeto permite que o espectador projete seus próprios medos, conecte com histórias mais próximas de sua vivência. Afinal, o dilema deste núcleo sérvio poderia ser compreendido em qualquer cultura – como não se identificar com a perda de um filho, independentemente das circunstâncias?
O filme Cicatrizes traz história de um bebê desaparecido na Sérvia sem seguir a linha filme-denúncia O longa do diretor Miroslav Terzié tem quase o formato de thriller, leva o mistério e a dúvida até a última cena.
O Moviecom Arte exibirá Cicatrizes nos dias 28 e 29 às 11 horas e no dia 31 às 14 horas, fechando a nossa programação de Março.

Trailer:

https://youtu.be/-SVJF5rs9zg

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O projeto Temperos de Cinema, surgiu de uma paixão antiga pelo cinema. Desde a infância o cinema sempre fez parte da minha vida de tal forma, que considero roteiristas e diretores como amigos e conselheiros.

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