“Adeus Lenin”, de 2003, é um dos filmes mais emblemáticos sobre a queda do Muro de Berlim.
Para os mais jovens, mesmo os mais estudiosos sobre História, talvez seja difícil entender o que significou o Muro de Berlim durante toda sua existência, de 1961 a 1989.
Dividindo a cidade de Berlim e toda a Alemanha e em 2 partes (oriental e ocidental), o Muro de Berlim simbolizava a divisão do mundo após a Segunda Guerra Mundial, entre os capitalistas e os socialistas, em um conflito de estratégias polarizado pelos Estados Unidos e a União Soviética, durante o período que ficou conhecido como Guerra Fria.
Por ter sido o epicentro da Segunda Guerra, na Alemanha essa divisão era concreta. Eram mais de 100 km. de muro com até 4,20 m. de altura. Do lado oriental o muro era margeado por uma faixa de aproximadamente 100 m. de largura (a “Faixa da Morte”), por onde corriam cães ferozes e monitorada 24 horas por dia por soldados espalhados em 302 torres, com ordens para matar quem tentasse fugir do lado oriental (Repúbica Federal Alemã) para o ocidental (República Democrática Alemã).
O fato é que durante seus quase 30 anos de existência, a vergonhosa construção passou a fazer parte da realidade do povo alemão. E sua queda, em uma época de dificuldades econômicas em toda a Europa, acabou gerando um movimento chamado “Ostalgie”, uma nostalgia de alguns comunistas pelos “velhos tempos”.
É esse lado mais vulgar da história que é mostrado em “Adeus Lenin”, de 2003. O diretor e roteirista Wolfgang Becker partiu de uma história curriqueira para fazer de forma super engraçada uma análise profunda sobre o drama que significou o Muro e sua queda em 1989.
Um pouco antes da queda do muro, Christiane Kerner, uma senhora com mais de 40 anos e devota apaixonada do regime comunista, sofre um derrame e entra em coma, permanecendo assim por várias semanas.
Quando começa a se recuperar, o médico informa que seu estado requer cuidados especiais e fortes emoções devem ser evitadas. E aí está o grande dilema, como contar para a senhora Kerner que seu “mundo” mudou tanto? O filho dela, Alexander, faz de tudo para manter a Alemanha Comunista viva dentro do apartamento onde a personagem vive. As peripécias da família para evitar tamanho golpe para a senhora Sass são o grande charme e o humor do filme. Mas o que fazer quando u imenso painel da Coca Cola é instalado bem em frente a janela do apartamento?
Estrelado por Katrin Sass, Daniel Brühl e Maria Simon, essa comédia foi um grande sucesso e foi o primeiro filme alemão a ganhar o prêmio da Academia de Cinema Europeu 2003, desde a criação do prêmio em 1988. Levou ainda os prêmios de melhor ator, melhor roteirista, e três troféus concedidos pelo público (melhor diretor, melhor atriz e melhor ator). Em 2004 arrebatou também o Goya e o Cesar de Melhor Filme Europeu.
Por tudo isso, “Adeus Lenin” é um filme obrigatório. Tão obrigatório quanto a incrível receita de Pepinos em Conserva ou Spreewald Gherkins que a chef Sandra Romansini tirou de uma das cenas hilárias do filme e nos ensina a fazer. Clique aqui para ver a receita.
Ficha Técnica:
Título: Adeus Lenin
Título Original: Good Bye Lenin
Gênero: Comédia Dramática
Direção: Wolfgang Becker
Roteiro: Bernd Lichtenberg e Wolfgang Becker
Elenco: Alexander Beyer, Daniel Brühl, Florian Lukas, Maria Simon, Stefan Walz
País de Origem: Alemanha
Duração: 121 min.
Ano: 2003